Nesta longa trajetória de recuperação de empresas em crise, enfrentamos situações das mais adversas.
Na maioria dos casos, o reinício se mostrou ser bastante difícil. Empresas em crise apresentam um quadro de crise não só financeira, mas também de credibilidade, seja com o mercado, seja com seus próprios colaboradores.
Essa falta de credibilidade associado ao nível de stress organizacional dificulta muito a adoção das medidas necessárias para que a empresa retome seu nível de operação.
Nesta hora, cabe ao CRO (Chief Restructuring Officer) a retomada da credibilidade e restabelecimento do clima organizacional, seja do lado dos colaboradores, seja do lado do acionista controlador.
Do lado dos colaboradores, é preciso que se restabeleça a confiança e o
comprometimento com o processo de negócio. Isso porque na maioria dos casos, o CRO encontra equipes desmotivadas, seja pela falta de perspectiva e liderança, seja por atrasos na folha de pagamento.
Do lado do acionista controlador, é preciso restaurar a sua autoconfiança e a confiança no seu próprio negócio. Como diz o ditado, cachorro mordido de cobra, tem medo de linguiça e por conta disso, o medo e a insegurança se instalam. É muito importante nessa hora que o CRO tenha habilidade não só para resgatar essa confiança do acionista no seu negócio, mas como poder para controlar o negócio como um todo, anulando a influência do acionista controlador em todo o processo.
Neste início ocorre o chamado “festival dos esqueletos”. À medida que o CRO vai tomando posse da situação da empresa em crise, cada porta de armário aberta, um esqueleto pula no seu colo. A “agenda oculta” de problemas não discutidos durante a fase de contratação do projeto é inevitável. Mesmo quando o problema é conhecido desde o início, normalmente sua verdadeira origem acaba aparecendo, dificultando ainda mais o início do projeto.
Tais “esqueletos” normalmente tem interferência direta no projeto de gestão original do CRO, que precisa lançar mão de toda a sua experiência para acomodar os novos problemas no seu plano original, afinal, boa parte desses esqueletos terá influência direta no plano da geração de caixa para reversão da crise.
Durante a negociação e elaboração do projeto, discute-se amplamente o
endividamento da empresa. No início do projeto, é conhecido o verdadeiro impacto de algumas das dívidas no processo e então, um realinhamento de todo o plano de ação
deve ser feito. Não se assuste, o CRO tem experiência para acomodar toda essa “ossada nova” e tudo tenderá a voltar ao seu lugar.