Muito tem se discutido sobre privatização no Brasil. Ouço isso há anos. Existe, na minha modesta visão, uma leve confusão neste tema.
Em linhas gerais, fala-se sobre desestatizar como o processo de retirada do peso do Estado na economia. Esquerdistas, vão dizer que o Estado deve prover os serviços estratégicos ao bom funcionamento do país.
Uma outra discussão recai sobre a ineficiência da empresa estatal e que a
transferência para o setor privado seria a solução para esse problema.
Ora, aí vejo um equívoco grave. Não consigo olhar para o tema sem falar de eficiência. Independente da empresa ser estatal ou não, ela deve ser eficiente e lucrativa. Uma empresa estatal bem gerida certamente traria resultado positivo para o governo.
Basta ver os resultados apresentados pela Petrobras em 2022.
Certa vez, em um evento em São Paulo, o responsável pelo programa de
desestatização do governo Bolsonaro, Salim Mattar, provocou a plateia afirmando “… Me apontem uma só Estatal eficiente. Não tem!…”. Provocação com precisão cirúrgica. De fato, não existia, à quela época, estatal eficiente, seja na operação, seja na geração de valor.
A causa deste mal é sabida. Historicamente, as estatais foram sempre geridas por indicações políticas e inundadas por corrupção deslavada. Alguém aqui lembra da Petrobras durante a lava jato? Os anos mostraram que a Petrobras, bem administrada, de forma profissional, ética e dentro de absolutas regras de compliance, produziu resultados positivos. Simples assim. A mesma empresa, quando deixada nas mãos de “indicados políticos” produziu o que todos vimos, resultando em perda de valor e gerando prejuízos assustadoramente grandes para o país.
Sou especialista em restruturação de empresas em crise. Nosso time, tem larga
experiência em recuperar empresas em crise, logo me sinto plenamente confortável em afirmar que empresa bem gerida, produz resultado satisfatório SIM.
Tenho plena certeza de que, em qualquer destas empresas estatais ineficientes, a restauração da saúde financeira e da eficiência operacional é uma mera questão de planejamento e revisão de todo o processo dentro da estatal. Se uma entidade privada manifesta interesse por uma estatal à venda, é porque tem certeza da reversão do quadro negativo e da geração de resultado. Ninguém irá comprar uma estatal para ter prejuízo.
Restaurados os parâmetros vitais de uma empresa, o resultado SEMPRE vem.
De forma alguma, sou contrário ao programa de desestatização. Porém, sou
absolutamente fiel a um programa de gestão eficaz para aquilo que seja importante para o país.